sábado, 25 de abril de 2020

132- Resenha do livro A DISTÂNCIA ENTRE NÓS

THRITY UMRIGAR, TRADUÇÃO PAULO ANDRADE LEMOS, 

EDITORA NOVA FRONTEIRA, 2006, 331 páginas

RECOMENDAÇÃO: LITERATURA ADULTA

            Nascida na Índia, mas morando em Cleveland nos Estados Unidos, a bacharel em Ciências e jornalista Thrity Umrigar escreve há duas décadas para um dos maiores jornais americanos – o Washington Post – e para outros jornais. É professora de Escrita Criativa e de Literatura em cursos universitários. Autora de outros livros, como por exemplo, Bombay time e First Darling of the morning: selected memories of an Indian childhood que foram os publicados antes de A distância entre nós. Ganhou o importante prêmio Nieman Fellowship da Haward University. Escreveu esse romance dramático em 2006.

            O mundo é assim.” (p. 294)

É o que pensam Bhima, uma das mulheres indianas mostradas neste livro, e Serabai ou Sera, como é chamada pelos íntimos. Bhima é empregada doméstica de Sera desde o início do seu casamento com Feroz. Esteve presente nos poucos momentos felizes da patroa e em quase todos os maus momentos. Sera sofre agressões verbais e físicas do marido e da sogra.

“Feroz, marido e opressor, amante e algoz, vítima e torturador. Nenhum homem a tinha feito mais feliz e infeliz.” (p. 268)

Assim Sera demonstrou seus sentimentos para com seu marido quando ele morreu. A sogra tinha também suas desculpas para tratar dessa maneira a mulher de classe média alta que não trabalha fora porque o marido se orgulhava em dizer que a sustentava sem grandes esforços. Sua única ocupação é cuidar da filha Dinaz.

Bhima é casada com Gopal e com ele teve dois filhos: Pooja e Amit. O marido era um encanto de pessoa; um homem apaixonante, apaixonado e dedicado à família até que um acidente na fábrica onde trabalhava o tirou do mercado de trabalho. A partir daí tudo começou a desandar na vida da pobre mulher. Por mais que se esforçasse, poucas foram as alegrias que lhe sobraram quando o marido a abandonou levando consigo, Amit.

Foi obrigada a abrigar a neta inconsequente Maya quando a filha e o genro fora devorados por uma doença implacável quase no mesmo dia. Não que ela não gostasse da neta, mas porque era uma boca a mais para alimentar e para viver com ela numa favela que não tinha sequer saneamento básico. E tudo ficou ainda pior quando a garota apareceu grávida e não quis revelar quem era o pai para que a avó pudesse exigir que ele reparasse seus erros casando-se com ela. O sonho de ver a neta formada que a tirasse daquele lugar desmorona na frente dos seus pés.

Um livro que mostra o drama de duas mulheres, que embora fossem de classes sociais muito distintas, tinham problemas muito semelhantes. E uma desabafava com a outra. E se entendiam como poucas mulheres nestas condições. Um livro para nos fazer refletir sobre muitos assuntos: relacionamento conjugal e familiar, violência, honestidade, hombridade, falsidade, preconceito e discriminação racial e social.  Fala também de muitos costumes entre as pessoas daquele país, principalmente sobre seus hábitos religiosos rígidos. Traz muitas palavras da língua falada na Índia.

A história dividida em 25 capítulos tem partes bastante dramáticas, porém é bem envolvente.

Vale a pena ler o livro.

DLL  abril -5º- Um livro de autor indiano



domingo, 19 de abril de 2020

SORTEIO DO LIVRO PARA OS SEGUIDORES DO BLOG






FELICIDADE me define hoje. Finalmente, tenho 50 (52, na verdade) seguidores no meu blog. Demorou? Sim, bastante, mas eu entendo porque existem uma porcentagem muito pequena de pessoas que tem a leitura como hábito. E muitos blogs que tem como tema LIVROS, essa paixão que me arrebatou há alguns anos. E muitos deles já têm seus seguidores fiéis. Mesmo assim, estou muito satisfeita com a audiência que meu blog está tendo.

        Então, conforme o prometido, vou fazer o sorteio hoje e vou postar o resultado. 
       Boa sorte a todos.

P.S. já com o sorteio de outro livro prometido para quando tiver 100 seguidores.

sábado, 18 de abril de 2020

131-Resenha do livro O MORRO DOS VENTOS UIVANTES


EMILY BRONTË, TRADUÇÃO ANA MARIA CHAVES, EDITORA LUA 

DE PAPEL, 2009, 292 páginas

RECOMENDAÇÃO: LITERATURA ADULTA

            Esta é a única obra publicada pela escritora britânica Emily Brontë. Sua primeira publicação foi feita em 1847. Já teve inúmeras publicações pelas mais variadas editoras brasileiras e traduzida para vários idiomas. Tornou-se um clássico apesar de receber fortes críticas pela intensidade considerada dura demais para a época. O livro traz uma riqueza de detalhes que impressiona e, facilmente, o leitor poderá se sentir no ambiente do enredo.

            Os personagens deste livro têm comportamentos inaceitáveis, improváveis de cativar a simpatia de algum leitor. E o desenrolar da história vai torná-los ainda mais detestáveis. É um romance que é muito fora do que é comum aos livros do gênero.

O livro conta uma história de amor. Sim, de amor. De um amor correspondido, mas não vivido. O cenário é o interior da Inglaterra nos anos1800. Nesta época, as mulheres nasciam para o casamento. E estes eram, na maioria das vezes, um arranjo de negócios. Os noivos, quando possível, eram escolhidos de acordo com a situação financeira que tinham. Isto não quer dizer que as pessoas não se apaixonavam.

Dentro da história, a governanta da mansão do senhor Lockwood, Nelly Dean, conta ao patrão a história dos ex-donos de mansão nomeada de O morro dos ventos uivantes, que tinha este nome porque estava localizada sobre um monte onde os ventos castigavam fortemente tudo o que ali havia. A história é de amor, porém é demasiado sombria para fazer o leitor suspirar.

A governanta conta que seu ex-patrão chegou em casa numa noite com um menino de pele escura, mas de porte altivo, elegante e de olhar taciturno que encontrou desamparado pela rua ordenando que se fizesse tudo o que estivesse ao alcance para que ele passasse bem em sua nova moradia, pois esperara por três dias em Liverpol alguém que o reclamasse e como ninguém o fez, levou-o consigo. Deu-lhe o nome de Heathcliff, o mesmo nome de um filho seu que morrera. Criou-o junto com seus filhos Cathrine e Hindley de igual para igual embora mostrasse uma predileção pelo garoto adotado. O garoto não é muito bem aceito pelo filho, mas a garota criou laços fortes de afetividade com ele.

Quis o destino que Heathcliff e Cathrine se apaixonassem, entretanto, o destino de Cathrine já estava ‘negociado’. Antes disso, numa noite em que a jovem conversava com a governanta, declara seu amor pelo jovem e ele, sem querer, escuta atrás da porta. Ela diz à governanta que ama Heathcliff, mas que vai se casar com Edgar porque com ele terá o status que deseja.

Ao ouvir a declaração da moça, o jovem deixa a fazenda e quando volta, é um homem rico e poderoso, mas cheio de rancor e transforma a vida de todos a sua volta em pesadelo contínuo. O homem impinge violência física e psicológica até a si mesmo, por não ter tido a coragem de se impor declarando seu amor para a mulher amada. Casou-se mais tarde, mas foi infeliz assim como Cathrine também foi. Os filhos de ambos também vão sofrer nas mãos deste homem infeliz, amargurado e vingativo.

A história dividida em 34 capítulos tem partes bastante fortes, que tem cenas de tortura psicológica em todo o livro, porém é bem envolvente. O leitor quererá ler o livro até o fim para ver que fim terão seus personagens. Vale a pena ler o livro.

DLL  abril -4º- Um livro com um personagem negro

segunda-feira, 13 de abril de 2020

130-  Resenha do livro DOM CASMURRO

MACHADO DE ASSIS, EDITORA EGÉRIA LTDA, 1978, 216 páginas

RECOMENDAÇÃO: LITERATURA ADULTA


            Machado de Assis foi um dos escritores mais importantes do Brasil. Foi contista, romancista, cronista, dramaturgo e poeta. Sua obra é bastante vasta. Dom Casmurro foi publicado pela primeira vez em 1889 e critica a sociedade brasileira usando para isso a ironia, característica muito utilizada também em suas outras obras.

Viveu no Rio de Janeiro entre 1839 e 1908. Aos 16 anos publicou seus primeiros versos. Casou-se sem o consentimento da família da noiva porque tinha má fama. Carolina, sua esposa, lhe apresentou à literatura portuguesa e inglesa e isso mudou completamente sua vida. Na década de 1870, foram publicados seus primeiros romances. Mas foi através de sua carreira burocrática que alcançou sua independência financeira.

Suas primeiras obras são enquadradas na era do Romantismo e, mais tarde, sofre uma grande mudança estilística e temática, vindo a inaugurar o Realismo no Brasil com a publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881). Em 1897, Machado funda a Academia Brasileira de Letras, sendo seu primeiro presidente e ocupando a Cadeira Nº 23. Seus principais romances são Ressurreição, A mão e a luva e Helena.

O autor tem um estilo bastante peculiar na escrita deste livro. Escreve certos trechos como se estivesse conversando com o leitor; esperando uma resposta. A história é contada em primeira pessoa pelo protagonista Bento - ou Bentinho - como era chamado desde bem pequeno. Filho único, órfão de pai cuja mãe fizera a promessa de torná-lo padre se nascesse varão e se o bebê vingasse visto que já havia perdido um.

Desde a infância, era amigo de Capitolina - ou Capitu - e com ela passava boa parte do dia. Na mais tenra adolescência, trocaram o primeiro beijo e, sendo assim, autodeclararam-se homem e mulher adultos prometendo-se mutuamente em matrimônio quando adultos de fato fossem.

Mas Bento se acovardou de dizer à mãe que não queria ir para o seminário a fim de estudar para ser padre e, por isso, obrigou-se a ir. Não sem antes fazer Capitu prometer que esperaria por ele até encontrar um jeito de fazer a mãe consentir que ele não se tornasse sacerdote. Cabe lembrar que na época em que esse romance foi escrito, ter um padre na família era motivo de alto status, pois a igreja detinha grande poder perante a sociedade.

No seminário, conheceu Escobar e os dois se tornaram amigos e confidentes, pois ambos nutriam um desejo em comum: saírem daí para viverem uma vida não-religiosa. Escobar queria ser comerciante. Bentinho nem sabia o que queria; sabia apenas que queria viver seu amor por Capitu. E deu-se que, enfim, a mãe consentiu que ele saísse do seminário, mas obrigou-se a estudar Direito em São Paulo ficando assim, longe da amada por cinco longos anos. E ao término do curso, casou com Capitu.

Sua amizade com Escobar continuava firme. Tendo este se casado com Sancha, amiga de Capitu, os casais passavam muitos dias juntos e foi justamente essa amizade que pôs em xeque a fidelidade de Capitu. Os amigos tinham uma menina enquanto a gravidez da esposa de Bentinho não acontecia. Enfim, depois de vários acontecimentos, a gravidez aconteceu. Quando o menino nasceu, foi batizado com o mesmo nome do amigo porque como padrinho, obrigaram-se a escolher outra pessoa a quem a criança já estava prometida a muito tempo como afilhado. E o menino parecia-se tanto com o amigo que a desconfiança da traição de Capitu crescia dia após dia corroendo Bentinho por dentro. Algumas mortes acontecem antes do desfecho do livro.

O livro é composto por 148 capítulos curtos. Alguns, curtíssimos de menos de meia página. Como foi escrito no século XVII, a leitura é difícil e cansativa, pois nosso idioma é uma língua viva e como tal, sofre alterações continuamente. Sendo assim, há muitas expressões que não são usadas mais atualmente. Mesmo assim, vale a pena ler o livro.

DLL – abril -3º - um clássico da literatura

terça-feira, 7 de abril de 2020

129- Resenha do livro PARAÍSOS SELVAGENS


CAMILA DORNAS, 365 PÁGINAS, 2018

RECOMENDAÇÃO: LITERATURA ADULTA

Narrado em primeira pessoa, pela visão de Olívia, a protagonista da história, que é uma jovem considerada problemática. Filha de um jornalista rebelde durante a época da ditadura militar no Brasil e de uma mãe que nasceu para ser simplesmente uma sombra do marido e está conformada com a ditadura a tal ponto de lutar contra a filha revolucionária. Os pais perderam a outra filha, Cecília, em uma situação obscura e Olívia, segundo a mãe, é a culpada dessa perda e ela incorporou essa culpa.

Faz faculdade de medicina na UNB - Universidade de Brasília-  e lá, o exército faz ronda e acompanhamento acirrado das aulas com receio de que os professores promovam revoltas. Em uma dessas ações dos militares, Olívia conhece um jovem que a deixa impressionada com suas atitudes, mas não se identifica. Só bem mais tarde, ela fica sabendo o porquê disso.

Às voltas com o seu dia-a-dia, seu ex-namorado volta a assombrá-la com seu caráter possessivo. Não aceita que ela não queira mais nada com ele e a chantageia usando fatos acontecidos no dia da morte da irmã.

Vários acontecimentos culminam com a saída dela da casa dos pais indo morar com Daniel, um amigo muito especial.

Com Lucas, ela experimenta coisas novas e outras já conhecidas como o medo de represálias do governo por causa de suas atitudes nada convencionais.

Presencia mais um momento de tortura do exército e dessa vez, as consequências vão mudar sua vida para sempre. Embora tenha tido apoio incondicional de Daniel, as descobertas a fizeram perceber de quem vinha seu caráter de não aceitação do que estava sendo imposto a todos.

O livro parece bastante com um documentário sobre a ditadura militar brasileira sob o ponto de vista específico. E acredito que muitas pessoas devem ter passado situações semelhantes às retratadas neste romance.

Um livro muito interessante que vale, sim, a pena ser lido.


Tem resenha de outro livro da mesma autora publicado neste blog e nela, trago dados sobre a autora e suas obras. Acesse pelo link: https://livroseleiturasdepaula.blogspot.com/2020/02/118-resenhado-livro-100-cancoes-para.html

DLL- 2º ABRIL- um livro cujo título começa com a letra inicial do seu nome

quarta-feira, 1 de abril de 2020

128- Resenha do livro AS BRUXAS


ROALD DAHL, TRADUÇÃO JEFFERSON LUIZ CAMARGO, EDITORA

 WMF MARTINS FONTES, 5ª EDIÇÃO, 2012, 231 páginas

RECOMENDAÇÃO: PARA TODAS AS IDADES


Essa é mais uma das fantásticas histórias de Roald Dahl que tem encantado pessoas há muito tempo. (Tem resenhas de outros livros do autor neste blog.)

Conta a história de um menino inglês que ficou órfão muito cedo e foi morar com a avó na Noruega que fazia de tudo para tornar sua vida melhor. Os primeiros dias foram de luto intenso, mas a avó lhe deu o carinho de que precisava para superar a dor da perda. Para distraí-lo da tristeza, a avó lhe contava histórias. As que ele mais gostava eram as que falavam de bruxas. A avó havia estudado muito sobre o assunto; até já tinha tido contato com bruxas. Prova disso eram os seus pés que eram mutilados.

A avó lhe contava como reconhecer bruxas observando detalhes como, por exemplo, o fato de elas sempre estarem de luvas por causa do comprimento de suas unhas. Ela considerava importante que ele reconhecesse bruxas para não cair em suas garras, pois elas poderiam fazê-lo desaparecer ou transformá-lo em um animal.

Chegou o dia da leitura do testamento dos pais do garoto e nele estava escrito que para usufruir dos bens da família, o garoto deveria morar na Inglaterra. Meio a contragosto, a avó se mudou com ele para aquele país e ficou combinado que passariam as festas de fim de ano na Noruega. Mas a amável avó adoeceu e eles só puderam fazer seu passeio mais tarde.

Ficaram em um hotel e para ele se distrair, havia ganhado um par de ratinhos brancos de presente e os estava adestrando, porém os animaizinhos foram vistos e o gerente do hotel disse que só poderia ficar com eles ali se fossem mantidos em uma gaiola dentro do quarto. Entretanto, como eles lhes ensinaria o que pretendia dentro de uma gaiola? Procurou um local onde pudesse fazer isso sem ser visto. E foi na sala de reuniões do hotel onde encontrou esse lugar, que o garoto fez uma descoberta impressionante. Algo que poderia provocar a morte de milhares de crianças e, com a ajuda da avó e de um menino que fora transformado em rato, promoveu uma reviravolta que iria marcar a existência das bruxas do mundo inteiro para sempre.

Um livro que embora seja de literatura infanto-juvenil, traz uma história muito interessante. Vale a pena ler mais esse clássico de Roald Dahl.

DLL abril -1º- Um livro de capa roxa/lilás

# RESENHA Nº 229 #LIVROS   TÍTULO DO LIVRO: UM BANQUETE PARA HITLER AUTOR(A): V. S. ALEXANDER TRADUÇÃO: CRISTINA ANTUNES EDITORA...