#RESENHA Nº 195
#LIVROS
TÍTULO DO LIVRO: FLORES PARA
ALGERNON
AUTOR(A): DANIEL KEYES
TRADUÇÃO: LUISA GEISLER
EDITORA: ALEPH
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2018
NÚMERO DE PÁGINAS: 288
RECOMENDAÇÃO: LITERATURA ADULTA
O
autor deste clássico norte-americano trabalhou como comerciante marinho, editor
e professor de Ensino Médio e em universidades antes de ganhar o prêmio Nebula
com este livro que, inicialmente, em 1959, foi publicado como um conto e, mais
tarde, em 1966, como romance epistolar. A obra foi adaptada para filme em 1968
e para uma peça musical em 1978.
A obra é
um marco da ficção científica. Daniel publicou outros sete livros e só deste vendeu
mais de 5 milhões de cópias. O livro foi até mesmo utilizado em escolas
americanas como leitura obrigatória. A inspiração final para essa história lhe
veio à cabeça enquanto lecionava inglês para uma turma de jovens com baixo Q.I.
ao ser questionado por um deles se, acaso se esforçasse, poderia se tornar mais
inteligente.
O
livro é narrado em primeira pessoa por Charlie Gordon, um homem considerado
retardado mental e é escrito no formato de relatório do início ao fim. Os
mesmos datam de 03 de março – primeiro relatório – e 21 de novembro do mesmo
ano – último relatório. Foram escritos a próprio punho pelo protagonista como
forma de mostrar os progressos obtidos por ele depois de ter sido submetido a
uma cirurgia neurológica na cabeça como forma experimental. Os idealizadores do
experimento queriam provar que, através da cirurgia na qual fizeram uma
intervenção no cérebro dele e com injeções de determinadas proteínas, ele
pudesse se tornar uma pessoa inteligente. O experimento já tinha sido realizado
em Algernon, um rato de laboratório e os resultados foram considerados
promissores.
Nos
relatórios, Charlie deveria contar o que fazia no seu dia-a-dia e como se
sentia. Em sua simplicidade, o protagonista contava como era seu trabalho na
padaria onde trabalhava e que se resumia aos serviços mais inferiores possíveis
para os quais não era necessária muita capacidade mental. E também em como era
tratado por seu patrão e pelos colegas de trabalho. Seu vocabulário e
ortografia mostravam uma pessoa com um cérebro infantil e com poucos conhecimentos
na língua e seus relatórios mostravam claramente seu progresso.
Trabalhava
no mesmo local desde que sua mãe Rose praticamente obrigou o pai Matt a tirar o
filho de casa por achar que ele era uma má influência para a irmã Norma. Rose
era obcecada em querer que alguma coisa fosse feita para que o filho pudesse se
tornar mais inteligente e foi por isso que o rapaz aceitou participar da
experiência. O pai insistia para que ela tivesse mais paciência com o garoto,
pois sabia que o que ela queria jamais iria acontecer. Mesmo assim, aceitou a
condição da mulher e o levou para ficar aos cuidados de um tio o qual o
encaminhou para o trabalho na padaria.
Charlie também
estudava numa classe especial e via na professora uma mulher angelical; amava-a
à sua maneira e ela, a ele. E foi nesta escola que ele foi escolhido para ser o
‘rato de laboratório’.
“Sou como um animal trancado do lado de
fora de sua jaula boa e segura.”
Era assim
que o personagem principal se sentia enquanto percebia que o experimento
estava, em determinada medida, dando certo. Sentia como se seu antigo ‘eu’ o
visse do lado de fora de si mesmo. Queria voltar a ser como antes, pois quando
tinha inteligência limitada era mais visto, mais lembrado. Ele sente as
transformações acontecendo na sua mente, porém o que ele se torna não o
satisfaz. Nem o amor platônico que sentia antes, ele consegue concretizar
agora.
Paralelo a
isso, chega um determinado momento em que Algernon começa a mostrar sutis
diferenças de comportamento o que leva Charlie a perceber que, com ele, talvez
isso também possa vir a acontecer. E isso o assusta bastante. Entretanto, ele
não sabe muito bem como agir. Ele se sente muito frustrado.
Durante
a leitura, há muito para se refletir sobre as relações interpessoais e sobre a
discriminação que sofre quem tem um Q. I. mais baixo do que o considerado
normal. Questiona, inclusive, se quem é mais inteligente é mais feliz. É um
livro perturbador, que leva à profundas reflexões sobre a importância da
afetividade em nossas vidas e, embora tenha sido escrito há décadas, continua
extremamente atual.
É uma
história triste, muito comovente; mas envolvente porque ser inteligente para
impressionar os outros é um desejo de muitos dos seres humanos. Considero sua
leitura como algo obrigatório e que surpreende por sua originalidade.
DLL- AGOSTO- VENCEDOR DE ALGUM PRÊMIO