LUCÍLIA JUNQUEIRA DE ALMEIDA PRADO, EDITORA PLANETA
JOVEM, 2ª EDIÇÃO, 2003, 211 páginas
RECOMENDAÇÃO: PARA TODAS AS IDADES
Essa
grande escritora paulista (da qual eu nunca ouvira falar até que uma amiga me
recomendou este livro para servir para um desafio literário do qual eu estava
participando e deveria ler e resenhar um livro de capa amarela) passou a
infância em uma fazenda perto de Conquista, no Triângulo Mineiro e, depois
voltou para São Paulo onde fez seus estudos. Casou-se cedo, aos 19 anos, e se
mudou para o interior para onde sonhava voltar, pois achava que lá teria tempo
para escrever. Teve 5 filhos que lhe deram onze netos e ajudou a cuidar também
alguns dos bisnetos. Sua variada produção literária é dedicada, principalmente,
à literatura infantil e infanto-juvenil. Seu primeiro livro “O rei do mundo” foi publicado em 1969. Ganhou
vários prêmios literários, entre eles, o prêmio Jabuti, em 1971 com seu segundo
livro “Uma rua como aquela”. Foi
presidente da Academia brasileira de Literatura Infantil e Juvenil nos anos 80
e ganhou, inclusive o diploma de personalidade do ano em 1980.
O
livro narrado em terceira pessoa, conta a história de Hadashi, um adolescente
japonês, filho de um casal pobre que tinha doze filhos, três meninos que lhe
poderiam ajudar a ganhar dinheiro para alimentar a família e nove meninas,
contando com a recém-nascida. O pai, bem como o filho adolescente, muito se
preocupava com essa situação. O mar já não oferecia mais peixes como outrora e
o senhor Tanaka não sabia bem como lidar com isso.
A
solução apareceu quando o casal Nakamura manifestou desejo de emigrar para o
Brasil à procura de Jiro, seu filho mais novo que tinha se mudado para lá e do
qual estavam a algum tempo sem notícias. Entretanto, como já eram idosos e não
tinham outro filho para acompanhá-los, a ideia era adotar Hadashi e assim,
resolver dois problemas de uma só vez. Seus outros dois filhos haviam morrido
na guerra.
O
pai pestanejou, mas acabou concordando com a ideia não sem antes fazer o filho
prometer que jamais deixaria de manter contato com os pais biológicos e que
mandaria dinheiro quando tivesse ficado rico no Brasil, pois esta era a ideia
que os japoneses tinham de quem para este país emigrara.
Quando
enfim, chegou o dia da viagem que duraria mais de 40 dias, todos estavam muito
emotivos. Os pais não queriam que ele fosse e o filho não queria se afastar da
família, mas não tinham opção.
A
viagem marcou muito a vida do garoto, pois nela passou por coisas que nunca
imaginara que iria passar, contudo isso serviu para o crescimento do seu
caráter.
Ao
chegarem à São Paulo, foram recepcionados alegremente por outros japoneses que já
moravam na América e isto os animou bastante. Foram direcionados a uma fazenda
de café junto com outras duas famílias. Lá, o capataz era deveras exigente. Não
admitia corpo mole da parte de ninguém. Logo nos primeiros dias, entretanto, o
senhor Nakamura conseguiu que o levassem à fazenda onde Jiro havia morado,
porém ao chegar lá, ficou sabendo que o filho havia se casado com uma
brasileira e teve um derrame cerebral porque não concebia que o filho o
houvesse desobedecido e desobedecido as tradições japonesas casando-se com
alguém que não era da sua terra.
Ficou
um curto tempo no hospital e faleceu, não sem antes fazer a esposa e o filho
prometerem que jamais procurariam Jiro; seria como se não soubessem da
existência dele. E fez Hadashi prometer que cuidaria de Seiko, a mãe adotiva,
até morrer.
Voltaram
para a fazenda e aprenderam a lidar com o café e com o povo brasileiro.
Sofreram muito. Hadashi tornou-se um jovem forte, trabalhador e honesto. A mãe,
porém, não aguentou muito tempo e faleceu com problemas nos pulmões. Até então,
Hadashi conseguira mandar muito pouco dinheiro para os pais, pois, primeiro
tinha que saldar a dívida com o patrão e precisava comprar remédios para Seiko.
Mesmo assim, jamais deixara uma carta da família sem resposta.
Depois
que a senhora Nakamura faleceu, descortinou-se uma vida muito diferente para o
jovem japonês, já com dezoito anos. Teve surpresas e decepções, mas conseguiu o
que queria neste país tão longe de onde nascera.
A
história é dividida em quatro partes e cada uma delas é separada em capítulos.
É um romance juvenil muito interessante. Vale a pena ler o livro com o
qual a autora conquistou o Prêmio Alfredo Machado Quintanela em 1982.
DLL setembro -5º-
Um livro de capa amarela