domingo, 30 de junho de 2019

82- Resenha do livro DAMAS-DA-NOITE


JETTA CARLETON, TRADUÇÃO REGINA LYRA, EDITORA 

BERTRAND BRASIL, 2012, 489 páginas

RECOMENDAÇÃO: LITERATURA ADULTA


Único livro publicado pela autora embora tenha alcançado grande sucesso. É um romance autobiográfico.  Foi publicado pela primeira vez em 1962, nos Estados Unidos. Com ele, a autora norte americana marcou toda uma geração de leitores, conquistando o prêmio National Book Award em 1963. O livro só foi publicado no Brasil, 50 anos mais tarde.

O livro começa com a história ao contrário. Mary Jo, a última das quatro filhas de Matthew e Callie, nos apresenta a família de forma genérica num momento em que estão reunidos na fazenda em que Jéssica e Leoni, as irmãs mais velhas cresceram. Elas estão de férias e, como sempre, desejam envolver todos da família em momentos agradáveis. Para isso, estão programando um piquenique e, todos os dias, surge algum imprevisto e o programa acaba não acontecendo. Foi difícil até mesmo a família conseguir realizar o intento de ver o pé de damas-da-noite com as flores abertas, o que consideravam imperdível.

Mais para frente, o livro se divide em partes com capítulos internos em que vamos conhecer mais aprofundadamente cada uma das personagens, cada qual com suas alegrias, suas angústias e pontos de apoio.

Matthew, o pai e esposo, é um professor renomado da cidade do Missouri, nos Estados Unidos que faz de tudo pelos seus alunos relegando a família, muitas vezes, a segundo plano. Profundamente religioso, policia-se das tentações que vai passando ao ter contato com alunas jovens e bonitas, lembrando sempre da esposa que o esperava em casa cuidando não só das filhas como também de todos os serviços da pequena fazenda.

Jéssica, a filha mais velha, moça de uma personalidade forte, que não pensa muito nas consequências dos seus atos quando entende que estas vão tornar sua vida melhor. Foge com o homem mais improvável de ser aceito pelo pai, mas não se arrepende mesmo quando o pior acontece e sai novamente em busca de sua felicidade.

Leonie, a filha certinha, prendada, de boas maneiras, a que não quer decepcionar os pais por nada, decepciona-se profundamente com o que ouve dos pais numa noite qualquer e resolve tomar as rédeas de sua vida e esta ganha um novo sabor.

Mathy, a terceira e mais fogosa das quatro irmãs, foi a caçula por muito tempo. Era teimosa e obstinada. Em dado momento, estava disposta a arranjar um casamento para Leoni que, por ser mais velha, deveria casar primeiro, mas quem acabou sendo enredada por Ed, um dos piores alunos que seu pai já teve, foi ela mesma.

E até mesmo Callie, a esposa dedicada, que não quis aprender a ler, que estava sempre muito ocupada com a lida na fazenda, guarda segredos que se revelados, poderiam mudar radicalmente a vida de todos da família. Ela também se angustia ao perceber que um ato impensado, impulsivo a fez sofrer muito.

           Mary Jo nasceu quando Callie e Mattew já eram avós, por isso, sua educação acaba sendo bastante diferente da das demais. Ela não se conforma com a vida que os pais levam na fazenda e vai buscar sua felicidade numa cidade maior.  
 
            O livro não é impactante, e sim, doce e envolvente. É para ser lido aos poucos; ser saboreado página após página. Recomendo.


5º DLL- junho- Um livro de capa vermelha


domingo, 23 de junho de 2019

81- Resenha do livro A BIBLIOTECÁRIA DE AUSCHWITZ


ANTONIO G. ITURBE, TRADUÇÃO DÊNIA SAD, EDITORA HARPER 

COLLINS, 2018,  366 páginas

RECOMENDAÇÃO: PARA TODAS AS IDADES


Surpreendente, empolgante; com uma ambientação histórica impecável. Estas são as características que melhor descrevem este livro. O autor espanhol promoveu uma pesquisa interminável para reunir fatos através de depoimentos de inúmeras pessoas para fundamentar seu texto. Como é também jornalista, sabe muito bem como fazer essa tarefa.  Trabalhou por vários anos no jornalismo e também como professor universitário no curso superior de Jornalismo. Em 2004, publicou seu primeiro romance: ‘Rectos torcidos’. ‘A bibliotecária de Auschwitz” é seu terceiro romance; foi escrito em 2012 e traduzido para 13 línguas. Dedica-se também a escrever livros de literatura infantil. Pelo sucesso alcançado, o livro foi publicado em onze países pelo mundo afora e com ele conquistou o respeitado prêmio espanhol Troa Libros.

"Começar um livro é como subir num trem rumo às férias." Era assim que Dita Dorachova - a adolescente que inspirou o autor a escrever este livro - compreendia a leitura.

Segundo o autor, havia uma teoria de que os nazistas massacravam os judeus porque eram considerados uma raça tão perigosa que poderia enfrentar os arianos e derrotar a hegemonia deles. (página 132)

O livro é um romance baseado em fatos reais e tem como protagonista, a menina Dita. Ela e outras milhares de pessoas, a maioria judeus, estavam confinadas nos campos de extermínio em Auschwitz-Birkenau. Nesse lugar, morriam diariamente dezenas de pessoas. Algumas de frio, outras de fome e outras tantas, de doenças como o tifo, pois as condições de higiene eram extremamente precárias e, sendo assim, doenças como esta, disseminavam-se muito rápido. A alimentação resumia-se à uma sopa rala e um pedaço de pão seco ou embolorado.

O governo alemão queria dar a impressão que esse campo era familiar, ou seja, que oferecia condições de vida razoáveis, por isso, ali ficavam também crianças. Tinha inclusive um barracão- o bloco 31- onde as crianças deveriam ficar durante o dia e onde, secretamente, funcionava uma escola. Era ali que Dita trabalhava como bibliotecária. O acervo desta biblioteca resumia-se a oito livros os quais deveriam ficar invisíveis para os nazistas que achavam que livros eram material subversivo. Um desses livros era ‘O conde de Monte Cristo’ de Alexandre Dumas do qual tem até mesmo um resumo.

            Quando Fredy Hirsh, o responsável pelo barracão, pedira à adolescente para se incumbir dos livros, explicou-lhe também que isso representava um pouco de perigo, porém Dita, mesmo contando com apenas 14 anos, aceitava o risco. Isso a deixava feliz, pois entendia que a educação deveria continuar para que quando esse terrível sofrimento acabasse, eles pudessem ter adquirido algum conhecimento mesmo que fosse pequeno.

            O livro fala também dos temidos experimentos do doutor Joseph Menguelle. Esse médico alemão compartilhava a ideia de Hitler de que os arianos eram a raça perfeita e como tal, fazia experiências com crianças, especialmente as gêmeas e as de olhos azuis.

            O livro traz relatos de muito horror e sofrimento e são contadas de uma forma tão realista que parece que se está junto a eles. Relatos que os prisioneiros (os que sobreviveram) jamais iriam esquecer. Traz histórias de pessoas que lutaram para se manter vivos usando os poucos argumentos que tinham.

            Assim como os demais livros sobre relatos ocorridos durante a Segunda guerra, este também me emocionou muito. Na minha opinião, todos deveriam ler livros que trazem essa temática para entenderem um pouco sobre a história do mundo.

DLL junho - 4º Um livro do gênero romance

sábado, 15 de junho de 2019

80- Resenha do livro ONZE MINUTOS


PAULO COELHO, AUDIOBOOK, 2017 (Ano em que o livro foi publicado 

no youtube para ser apreciado por pessoas cegas)

RECOMENDAÇÃO: LITERATURA ADULTA

O autor deste livro – Paulo Coelho – foi encenador, dramaturgo, jornalista e compositor, antes de se ser escritor. E antes de escrever este fascinante livro, escreveu aquele que se tornaria o mais famoso de sua carreira até aqui que é “O alquimista” sendo também o livro brasileiro mais lido de todos os tempos. O autor carioca é considerado um fenômeno literário. Seus livros já foram publicados em 170 países e traduzidos para 80 línguas alcançando algo em torno de 210 milhões de livros vendidos. Já recebeu inúmeros prêmios, entre eles o Crystal Award, do Fórum Econômico Mundial. É membro da Academia Brasileira de Letras e considerado Mensageiro da Paz das Nações Unidas.

"Alguns livros nos fazem sonhar, outros nos trazem à realidade, mas nenhum pode fugir daquilo que é mais importante para o autor: a honestidade no que escreve." Com esta frase, o autor se descreve como escritor.

Este livro já foi publicado por várias editoras o que prova a sua qualidade. A primeira publicação como livro físico foi feita em 2003. Eu o classificaria como um diário reflexivo. É inspirado em uma histórias reais que o autor, junto com uma assessora, buscou conhecer. Entrevistaram várias mulheres que eram prostitutas procurando saber como elas encaravam seu trabalho, como se sentiam em relação ao amor e ao sexo.

O livro é narrado em terceira pessoa e traz as reflexões e ações da protagonista Maria, uma garota do interior baiano, que trabalhava numa loja de tecidos, filha de um casal pobre que não tinha muito a lhe oferecer em relação ao futuro. Conta como a garota descobriu o sexo. E como se decepcionou com os homens pela maneira como estes lidavam com o sexo.

Sua vida mudou drasticamente quando Maria conseguiu realizar seu primeiro grande desejo: conhecer o Rio de Janeiro. Juntou seu suado dinheiro e comprou as passagens de ida e volta para a Cidade Maravilhosa. Num bar, na Praia de Copacabana, conheceu um suíço que admirado por sua beleza, através do seu assessor prometeu-lhe um emprego na sua terra. Lá, ela trabalharia numa boate como dançarina de samba, coisa muito apreciada naquele país. Pensou um pouco e resolveu aceitar visto que não tinha nada a perder. Recebeu um adiantamento, voltou para a Bahia, pediu demissão do seu emprego, despediu-se de seus pais e partiu para sua nova vida.

Na Suíça, logo descobriria que o trabalho era, na verdade, como prostituta. De início, ela se recusou, mas por fim, resolveu que não queria voltar para sua terra com as mãos abanando. E como ririam dela por ter sido tão inocente! Decidiu ficar, pois na prática, tudo se resumia em ‘onze minutos de pernas abertas, um entrar e sair de um homem e 300 francos estariam no seu bolso’. Ela deveria entregar uma parte para o dono da boate, mas a maior parte seria sua. Refletiu no seu sonho de ter uma fazenda e resolveu que trabalharia até que conseguisse dinheiro suficiente para comprar uma e sairia dessa vida.

Teve poucos amigos e nenhum homem que a tivesse levado ao tão sonhado orgasmo. Leu diversos livros sobre sexo procurando saber como ele era visto por homens e mulheres. E a cada dia, decepcionava-se mais e mais com isso. Não entendia que ela mesma lhe dava mais prazer através da masturbação do que todos os homens que estiveram com ela.

Quando estava chegando o dia em que voltaria para sua terra amada, conheceu um pintor que lhe disse que ela tinha uma luz que ele pouco enxergara em outras mulheres. Ela começou a tentar entender que luz era essa e como ele a conseguia enxergar.

A história termina de uma forma um tanto quanto diferente do que se espera, mas não diferente do que a protagonista idealizou para si mesma. Um livro muito interessante o que eu recomendo fortemente.

3º DLL- junho -um livro cujo título seja formado por duas palavras.

domingo, 9 de junho de 2019

79-  Resenha do livro VINTE MIL LÉGUAS SUBMARINAS

JULES VERNE, LOCUÇÃO DE VIKTOR D. SALIS, DURAÇÃO 9 H 18 MIN, 2010

RECOMENDAÇÃO: PARA TODAS AS IDADES

Essa foi a minha primeira experiência com áudio-livro e eu gostei muito. Acessei por acaso o aplicativo TOCALIVROS no meu celular e vi que este livro estava gratuito e resolvi testar para ver se me adaptava.

O livro foi escrito por Jules Verne (1828-1905) considerado o pai da ficção científica. A obra foi publicada primeiramente em formato de folhetim no ano 1870 e, no ano seguinte, em uma edição ricamente ilustrada. Junto com ‘Viagem ao centro da terra’ figura como os maiores sucessos do autor. Mais de trinta livros do escritor francês foram adaptados para o cinema tornando-se sucessos de bilheteria. Seus livros espalharam-se pelo mundo tendo sido traduzidos para 148 línguas.

Este livro já teve inúmeras edições, portanto é extremamente fácil de encontrá-lo. Hoje, já faz parte do domínio público.

Seu último livro foi publicado em 1904 sob o título ‘O senhor do mundo’.

O autor era um tanto quanto rebelde. Seu pai queria que ele fosse advogado. Teimou fazendo-o estudar, mas sua veia literária falou mais alto e talvez, a proximidade do porto e das docas tenham sido um grande estímulo para o desenvolvimento da imaginação do autor sobre a vida marítima e viagens a terras distantes. Teve contato com outros escritores como os grandes Alexandre Dumas e Victor Hugo.



O livro começa falando de grandes e longas viagens de navios tendo em vista que naquela época, na Europa, praticamente todo transporte e as viagens de exploração eram feitos pelo mar. Numa dessas viagens, foi avistado um grande objeto que se movia. Foi considerado um animal e como tal, foi atacado. Porém, por ser muito forte, nada sofreu. No entanto, começou uma caça desenfreada a essa ‘coisa’.

Muitos navios foram fretados para tal fim. Num deles estavam o Capitão Aronax, o marinheiro Conselho e o arpoador Nedi Land. Acontece que em vez de abater, o navio é que foi abatido e justamente essas três personagens fora ‘salvos’ pela coisa.

Quando deram por si, estavam sobre a coisa que logo descobriram ser um submarino muito potente. Foram conduzidos para o interior do veículo marítimo e de lá não podiam sair porque o Capitão Nemo, a autoridade máxima na embarcação, não permitia, pois não admitia que suas ideias fossem divulgadas uma vez que se encontrava nesse submarino de forma sigilosa e todos os que nele tivessem posto os pés só sairiam dali mortos. O Capitão era um homem que tinha sofrido enormes desgostos em terra firme tendo então criado um mundo só seu. Suas pesquisas lhe possibilitar construir em segredo o submarino que era completamente autossuficiente e com ele estava explorando o mundo submarino conhecendo maravilhas nunca imaginadas por homens comuns.

A sintonia entre os dois capitães fora imediata. O Capitão Aronax travava com Nemo longas conversas sobre as pesquisas e sobre as explorações que já haviam feito em suas vidas de homens do mar, porém Conselho e Nedi Land estavam o tempo todo pensando em como fugir do submarino. Embora estivessem sendo muito bem tratados no interior da embarcação, a saudade de pisar em terra firme e de comer carne de caça que não fosse marítima eram o combustível para formularem planos de fuga. Um desses planos já estava quase para ser executado quando algo deu errado e o submarino teve que submergir para águas mais profundas impossibilitando assim, a fuga.

O Capitão Aronax resolveu escrever um diário de bordo e ficava sempre atento a qualquer fala do Capitão Nemo para ver se descobria o motivo pelo que este guardava tanta amargura do povo do continente de onde viera. Nemo lhe falava de suas descobertas debaixo da água como as de cidades perdidas, tesouros afundados já saqueados ou não. Alguns desses tesouros eram inclusive resgatados por ele e vendidos em troca de alimentos em determinados pontos do mundo. Descobrira também passagens ultramarinas, ou seja, aquelas em que há terra no fundo do mar e passagens por debaixo dessa terra, passagens estas que encurtavam caminhos em milhares de léguas.

O livro é repleto de aventuras que os três passageiros forçados nunca tinham vivido antes. Interessantes, com certeza, mas os três sonhavam mesmo estarem livres novamente.

Recomendo fortemente que conheçam essa obra maravilhosa.

2º DLL- junho- um livro que virou filme ou série



domingo, 2 de junho de 2019

78- Resenha do livro SANGUE FRESCO

JOÃO CARLOS MARINHO, EDITORA GLOBAL, 25ª edição, 2006, 

128 páginas

RECOMENDAÇÃO: LITERATURA INFANTO-JUVENIL

Autor de outros grandes sucessos com a Turma do Gordo, como ‘O gênio do crime’ e ‘O assassinato na Literatura Infantil’, João Carlos Marinho escreveu Sangue Fresco e com ele conquistou importantes prêmios como o Prêmio Jabuti e o Prêmio APCA em 1982. O livro é tão surpreendente que já chegou à 25ª edição.

A história conta mais uma aventura da Turma do Gordo formada pelo Gordo (Bolachão), Berenice, Edmundo e Pituca. Ela está ambientada quase que totalmente na floresta amazônica. Lá, Ship O’Connors fundou a Fresh Blood Corporation, uma empresa que na clandestinidade comercializava com países do mundo todo, sangue de crianças entre 9 e 11 anos, que segundo pesquisas, tinha um poder curativo incrível. A empresa tinha que ser clandestina uma vez que no Brasil, crianças não podem doar sangue (e nem vender).

Para obter sangue de crianças nesta faixa etária, Ship e sua equipe sequestravam as crianças com essa idade e as levava de avião para a sua sede no meio da floresta no estado do Amazonas. Lá, as crianças eram classificadas conforme seu tipo sanguíneo e de cada um era extraído sangue uma vez por semana.

As crianças eram muito bem alimentadas, tinham local de recreação e um médico à disposição para tratar eventuais problemas de saúde porque afinal, precisavam que as crianças estivessem bem.

A turma do Gordo também fora sequestrada e a aventura da fuga no meio da floresta é o mote do livro. Coisas sinistras e outras, fantásticas fazem a ação neste livro. O leitor quer logo saber se eles vão mesmo conseguir sair de lá.

Livro interessante. Recomendo.

DLL JUNHO 1º Livro  em que a história aconteça no Brasil

# RESENHA Nº 229 #LIVROS   TÍTULO DO LIVRO: UM BANQUETE PARA HITLER AUTOR(A): V. S. ALEXANDER TRADUÇÃO: CRISTINA ANTUNES EDITORA...