domingo, 15 de agosto de 2021

 #RESENHA Nº 195

#LIVROS

 

TÍTULO DO LIVRO: FLORES PARA ALGERNON

AUTOR(A): DANIEL KEYES

TRADUÇÃO: LUISA GEISLER

EDITORA: ALEPH

ANO DE PUBLICAÇÃO: 2018

NÚMERO DE PÁGINAS: 288

RECOMENDAÇÃO: LITERATURA ADULTA

 

            O autor deste clássico norte-americano trabalhou como comerciante marinho, editor e professor de Ensino Médio e em universidades antes de ganhar o prêmio Nebula com este livro que, inicialmente, em 1959, foi publicado como um conto e, mais tarde, em 1966, como romance epistolar. A obra foi adaptada para filme em 1968 e para uma peça musical em 1978.

A obra é um marco da ficção científica. Daniel publicou outros sete livros e só deste vendeu mais de 5 milhões de cópias. O livro foi até mesmo utilizado em escolas americanas como leitura obrigatória. A inspiração final para essa história lhe veio à cabeça enquanto lecionava inglês para uma turma de jovens com baixo Q.I. ao ser questionado por um deles se, acaso se esforçasse, poderia se tornar mais inteligente.

            O livro é narrado em primeira pessoa por Charlie Gordon, um homem considerado retardado mental e é escrito no formato de relatório do início ao fim. Os mesmos datam de 03 de março – primeiro relatório – e 21 de novembro do mesmo ano – último relatório. Foram escritos a próprio punho pelo protagonista como forma de mostrar os progressos obtidos por ele depois de ter sido submetido a uma cirurgia neurológica na cabeça como forma experimental. Os idealizadores do experimento queriam provar que, através da cirurgia na qual fizeram uma intervenção no cérebro dele e com injeções de determinadas proteínas, ele pudesse se tornar uma pessoa inteligente. O experimento já tinha sido realizado em Algernon, um rato de laboratório e os resultados foram considerados promissores.

            Nos relatórios, Charlie deveria contar o que fazia no seu dia-a-dia e como se sentia. Em sua simplicidade, o protagonista contava como era seu trabalho na padaria onde trabalhava e que se resumia aos serviços mais inferiores possíveis para os quais não era necessária muita capacidade mental. E também em como era tratado por seu patrão e pelos colegas de trabalho. Seu vocabulário e ortografia mostravam uma pessoa com um cérebro infantil e com poucos conhecimentos na língua e seus relatórios mostravam claramente seu progresso.

Trabalhava no mesmo local desde que sua mãe Rose praticamente obrigou o pai Matt a tirar o filho de casa por achar que ele era uma má influência para a irmã Norma. Rose era obcecada em querer que alguma coisa fosse feita para que o filho pudesse se tornar mais inteligente e foi por isso que o rapaz aceitou participar da experiência. O pai insistia para que ela tivesse mais paciência com o garoto, pois sabia que o que ela queria jamais iria acontecer. Mesmo assim, aceitou a condição da mulher e o levou para ficar aos cuidados de um tio o qual o encaminhou para o trabalho na padaria.

Charlie também estudava numa classe especial e via na professora uma mulher angelical; amava-a à sua maneira e ela, a ele. E foi nesta escola que ele foi escolhido para ser o ‘rato de laboratório’.

“Sou como um animal trancado do lado de fora de sua jaula boa e segura.”

Era assim que o personagem principal se sentia enquanto percebia que o experimento estava, em determinada medida, dando certo. Sentia como se seu antigo ‘eu’ o visse do lado de fora de si mesmo. Queria voltar a ser como antes, pois quando tinha inteligência limitada era mais visto, mais lembrado. Ele sente as transformações acontecendo na sua mente, porém o que ele se torna não o satisfaz. Nem o amor platônico que sentia antes, ele consegue concretizar agora.

Paralelo a isso, chega um determinado momento em que Algernon começa a mostrar sutis diferenças de comportamento o que leva Charlie a perceber que, com ele, talvez isso também possa vir a acontecer. E isso o assusta bastante. Entretanto, ele não sabe muito bem como agir. Ele se sente muito frustrado.

Durante a leitura, há muito para se refletir sobre as relações interpessoais e sobre a discriminação que sofre quem tem um Q. I. mais baixo do que o considerado normal. Questiona, inclusive, se quem é mais inteligente é mais feliz. É um livro perturbador, que leva à profundas reflexões sobre a importância da afetividade em nossas vidas e, embora tenha sido escrito há décadas, continua extremamente atual.

É uma história triste, muito comovente; mas envolvente porque ser inteligente para impressionar os outros é um desejo de muitos dos seres humanos. Considero sua leitura como algo obrigatório e que surpreende por sua originalidade.

DLL- AGOSTO- VENCEDOR DE ALGUM PRÊMIO

 

 

 

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