MARKUS ZUSAK, TRADUÇÃO VERA RIBEIRO, EDITORA
INTRÍNSECA,
2010, 478 páginas
RECOMENDAÇÃO: PARA TODAS AS IDADES
Markus Zusak é um autor jovem nascido em 1975 na
Austrália. O pai é australiano e a mãe é alemã. Tem 3 irmãos. É autor de outros
cinco livros embora nenhum deles tenha alcançado o sucesso deste best-seller
publicado em 2005 traduzido para mais de quarenta idiomas. Seu primeiro livro O azarão, foi publicado em 1999 e o mais
recente é O construtor de pontes
publicado em 2018.
A
ideia de escrever uma história para uma protagonista que roubava livros bailava
na cabeça do autor a algum tempo, mas faltava algo. Algum tempo depois, estava
para escrever sobre as coisas que os pais tinham vivenciado na Alemanha nazista
e na Áustria; então as duas ideias foram juntadas e nasceu A menina que roubava livros. Com certeza, esse fenômeno literário
ainda escreverá outros grandes sucessos.
O
livro começa com a apresentação de uma narradora diferente de qualquer uma que
já se teve notícia: a morte. Ela, no decorrer do livro, vai filosofando e
mostrando através de metáforas ser mais humana do que muitos humanos. A
Alemanha vivia tempos que prenunciavam a Segunda Guerra Mundial. Havia muita
pobreza e muita tensão política.
Ela
conta a história de Liesel, uma menina alemã cujo pai estava desaparecido por
ser comunista num país cujo líder era extremamente intolerante. A mãe, com medo
de que os filhos ficassem desamparados, inscreveu-os em um projeto do governo
que propunha a adoção de crianças que tinham as características que o Fürer
considera as ideais para seu povo. De trem, Liesel e seu irmãozinho estavam sendo
levados para a cidade de Molching onde os pais adotivos tomariam conta deles
por uma pequena mesada. O menino não resistiu à viagem. Morreu e foi enterrado
ao lado dos trilhos e ali, a menina teve acesso ao seu primeiro livro. O livro Manual do coveiro ficou sendo o elo
entre sua família biológica e a adotiva.
A
primeira impressão que a garota teve de Rosa, a mãe adotiva, era a de que ela era
uma mulher intolerante enquanto que com Hans, a empatia foi imediata. Os dois
eram um casal pobre. Ele era pintor e ela lavava roupas de várias famílias para
ajudar no orçamento doméstico. Seus filhos, Hans Junior e Trudy, tinham suas
próprias vidas longe dali.
A
garota logo começaria a ir à escola. Lá, ela foi discriminada por não saber ler
nem escrever, mas provou que essa era uma das coisas que mais desejava. Fez
amizade com seu vizinho Rudy que a defendia e juntos viveram muitas aventuras. A
comida era escassa e o garoto sugeriu que roubassem comida.
No
dia em que houve um desfile e um discurso nazista bastante inflamado, houve
também uma queima de livros. Estes eram queimados porque o governo os
considerava subversivos. Liesel já fazia parte da juventude hitlerista para
manter as aparências. Seus pais temiam pelo futuro caso afrontassem os ideais
do governante. Neste dia, a protagonista roubou seu segundo livro. Hans lhe
dava lições de leitura e de escrita e ela cada vez se apaixonava mais pelo
mundo das palavras.
Num
dia, Rosa a incumbiu de levar as roupas lavadas e passadas de Isa, a mulher do
prefeito, que a tinha visto retirar um livro da fogueira no dia do desfile. Ela
convidou a menina a conhecer sua biblioteca e permitiu que ela ficasse ali
manuseando os livros e lendo partes deles. Para a menina, aquele era o paraíso.
Leu vários livros que Isa lhe emprestou e chegou o dia em que ela passou a retirar
livros de lá sem sua permissão os quais devolvia depois de ler.
Nessa
época, Max, o filho de um amigo judeu de Hans já estava escondido no porão da
casa. Max se tornou parte da família, o irmão que ela não tinha mais. Os dois
se davam muito bem e a leitura foi o que manteve o jovem Max vivo quando sua
vida estava por um fio. Pela primeira vez, ele viveu um natal cristão. A
Família passou muitos sustos com medo de serem descobertos refugiando um judeu.
A
guerra estava avançando e os bombardeios assustavam a todos. Os nazistas
vistoriavam os porões das casas para ver se serviriam como abrigos antiaéreos e
numa dessas visitas, quase forma descobertos. Em outros ataques aéreos, Liesel
distraía todos os que estavam nos abrigos subterrâneos contando histórias em
que mesclava o que tinha lido com histórias que criava em sua imaginação. Essa
atitude prenunciava o seu futuro.
Tudo
isso já anunciava o que estava por vir. Não se pode dizer nada mais a não ser, leia essa fascinante história que embora
não seja real, parece-se muito com a realidade vivida por milhares de pessoas,
alemãs ou não, judeus ou não entre 1939 e 1943. Uma história contada sob o
ponto de vista da morte, uma entidade que tem um coração mais nobre do que o de
muitos seres que se dizem humanos.
A
história dividida em capítulos curtos tem partes lentas e outras bastante dinâmicas.
A leitura é pesada por ter uma narradora não tradicional, mas tem partes tão
envolventes que a interrupção da leitura se torna algo quase inaceitável. Já
havia interrompido a leitura uma vez, mas desta vez me deixei levar pela magia
dessa história dramática. O livro poderia ser classificado como um romance
poético-dramático (classificação minha).
O
livro tem uma adaptação para o cinema bastante fiel ao livro embora muitos
detalhes não tenham sido apresentados como, por exemplo, o motivo pelo qual
Hans estava com o acordeão do pai de Max.
Vale
muito a pena ler o livro.
O
livro O mensageiro tem resenha neste
blog. Para
lê-la, acesse
DLL setembro -3º- Um livro que já tinha sido
abandonado e foi retomado
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