terça-feira, 24 de setembro de 2019

96- Resenha do livro A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS

MARKUS ZUSAK, TRADUÇÃO VERA RIBEIRO, EDITORA 

INTRÍNSECA, 2010, 478 páginas

RECOMENDAÇÃO: PARA TODAS AS IDADES

            Markus Zusak é um autor jovem nascido em 1975 na Austrália. O pai é australiano e a mãe é alemã. Tem 3 irmãos. É autor de outros cinco livros embora nenhum deles tenha alcançado o sucesso deste best-seller publicado em 2005 traduzido para mais de quarenta idiomas. Seu primeiro livro O azarão, foi publicado em 1999 e o mais recente é O construtor de pontes publicado em 2018.

A ideia de escrever uma história para uma protagonista que roubava livros bailava na cabeça do autor a algum tempo, mas faltava algo. Algum tempo depois, estava para escrever sobre as coisas que os pais tinham vivenciado na Alemanha nazista e na Áustria; então as duas ideias foram juntadas e nasceu A menina que roubava livros. Com certeza, esse fenômeno literário ainda escreverá outros grandes sucessos.

O livro começa com a apresentação de uma narradora diferente de qualquer uma que já se teve notícia: a morte. Ela, no decorrer do livro, vai filosofando e mostrando através de metáforas ser mais humana do que muitos humanos. A Alemanha vivia tempos que prenunciavam a Segunda Guerra Mundial. Havia muita pobreza e muita tensão política.

Ela conta a história de Liesel, uma menina alemã cujo pai estava desaparecido por ser comunista num país cujo líder era extremamente intolerante. A mãe, com medo de que os filhos ficassem desamparados, inscreveu-os em um projeto do governo que propunha a adoção de crianças que tinham as características que o Fürer considera as ideais para seu povo. De trem, Liesel e seu irmãozinho estavam sendo levados para a cidade de Molching onde os pais adotivos tomariam conta deles por uma pequena mesada. O menino não resistiu à viagem. Morreu e foi enterrado ao lado dos trilhos e ali, a menina teve acesso ao seu primeiro livro. O livro Manual do coveiro ficou sendo o elo entre sua família biológica e a adotiva.

A primeira impressão que a garota teve de Rosa, a mãe adotiva, era a de que ela era uma mulher intolerante enquanto que com Hans, a empatia foi imediata. Os dois eram um casal pobre. Ele era pintor e ela lavava roupas de várias famílias para ajudar no orçamento doméstico. Seus filhos, Hans Junior e Trudy, tinham suas próprias vidas longe dali.

A garota logo começaria a ir à escola. Lá, ela foi discriminada por não saber ler nem escrever, mas provou que essa era uma das coisas que mais desejava. Fez amizade com seu vizinho Rudy que a defendia e juntos viveram muitas aventuras. A comida era escassa e o garoto sugeriu que roubassem comida.

No dia em que houve um desfile e um discurso nazista bastante inflamado, houve também uma queima de livros. Estes eram queimados porque o governo os considerava subversivos. Liesel já fazia parte da juventude hitlerista para manter as aparências. Seus pais temiam pelo futuro caso afrontassem os ideais do governante. Neste dia, a protagonista roubou seu segundo livro. Hans lhe dava lições de leitura e de escrita e ela cada vez se apaixonava mais pelo mundo das palavras.

Num dia, Rosa a incumbiu de levar as roupas lavadas e passadas de Isa, a mulher do prefeito, que a tinha visto retirar um livro da fogueira no dia do desfile. Ela convidou a menina a conhecer sua biblioteca e permitiu que ela ficasse ali manuseando os livros e lendo partes deles. Para a menina, aquele era o paraíso. Leu vários livros que Isa lhe emprestou e chegou o dia em que ela passou a retirar livros de lá sem sua permissão os quais devolvia depois de ler.

Nessa época, Max, o filho de um amigo judeu de Hans já estava escondido no porão da casa. Max se tornou parte da família, o irmão que ela não tinha mais. Os dois se davam muito bem e a leitura foi o que manteve o jovem Max vivo quando sua vida estava por um fio. Pela primeira vez, ele viveu um natal cristão. A Família passou muitos sustos com medo de serem descobertos refugiando um judeu.

A guerra estava avançando e os bombardeios assustavam a todos. Os nazistas vistoriavam os porões das casas para ver se serviriam como abrigos antiaéreos e numa dessas visitas, quase forma descobertos. Em outros ataques aéreos, Liesel distraía todos os que estavam nos abrigos subterrâneos contando histórias em que mesclava o que tinha lido com histórias que criava em sua imaginação. Essa atitude prenunciava o seu futuro.

Tudo isso já anunciava o que estava por vir. Não se pode dizer nada mais a não ser, leia essa fascinante história que embora não seja real, parece-se muito com a realidade vivida por milhares de pessoas, alemãs ou não, judeus ou não entre 1939 e 1943. Uma história contada sob o ponto de vista da morte, uma entidade que tem um coração mais nobre do que o de muitos seres que se dizem humanos.

A história dividida em capítulos curtos tem partes lentas e outras bastante dinâmicas. A leitura é pesada por ter uma narradora não tradicional, mas tem partes tão envolventes que a interrupção da leitura se torna algo quase inaceitável. Já havia interrompido a leitura uma vez, mas desta vez me deixei levar pela magia dessa história dramática. O livro poderia ser classificado como um romance poético-dramático (classificação minha).

O livro tem uma adaptação para o cinema bastante fiel ao livro embora muitos detalhes não tenham sido apresentados como, por exemplo, o motivo pelo qual Hans estava com o acordeão do pai de Max.

Vale muito a pena ler o livro.
O livro O mensageiro tem resenha neste blog. Para lê-la, acesse


DLL setembro -3º- Um livro que já tinha sido abandonado e foi retomado

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