terça-feira, 10 de setembro de 2019

94- Resenha do livro A CASA DO CÉU

AMANDA LINDHOUT e SARA CORBETT, TRADUÇÃO IVAR 

PANAZZOLO, EDITORA NOVO CONCEITO, 2013, 445 páginas

RECOMENDAÇÃO: PARA TODAS AS IDADES

            Atenção: Esta resenha tem spoiler.

A autora-protagonista deste livro não é escritora. Para a publicação deste livro, Amanda contou com a ajuda da jornalista Sara Corbett. Foram três anos de pesquisas e anotações, conversas infindáveis e transcrições de conversas e da análise das anotações feitas pela protagonista na última casa de cativeiro que foram remetidas até seu endereço bem depois do fim do sequestro. Depoimentos dos pais de Amanda e de Nigel e da grande amiga Kely que se manteve perto da mãe de Amanda para dar-lhe apoio (de como eles se sentiam durante o sequestro e de como se desenrolaram as negociações para que fossem libertados) de Nigel, dos investigadores do Canadá e da Austrália entre outras pessoas.

            Em 2010, Amanda fundou o Fundo Global de Enriquecimento. Uma fundação para ajuda humanitária. Ela se inspirou numa mulher muçulmana que tentou ajuda-la a fugir. Percebeu naquele ato, que a maioria das mulheres de países muçulmanos não tem voz nem vez e com a fundação pretende ajudar essas mulheres a começar por oportunidade de estudo para as mulheres naqueles países onde elas não têm esse direito.

O livro conta em primeira pessoa a história de Amanda, uma garota filha de pais separados que aos dezesseis anos decide viver sua própria vida. Sai em busca de aventura com seu namorado Jamie. Juntos, como mochileiros, conhecem vários países vivendo um dia por vez até acabar o dinheiro. Volta então para o Canadá, procura emprego e encontra um por acaso. Nele, ela servirá drinques em salões de luxo onde pessoas ricas se reúnem para jogar. Só as gorjetas já lhe são bastante lucrativas. Trabalha por alguns meses e se embrenha em outro país para mais aventuras.

Numa dessas viagens, conhece Nigel e vive um caso de amor com ele, entretanto uma decepção os separa. Com ele também aprende um pouco sobre fotografia. Quando o dinheiro acaba, ela volta para o seu ninho, trabalha por mais um tempo, faz um curso de fotografia, e embarca novamente, desta vez com a intenção de trabalhar como fotógrafa freelancer vendendo fotos de lugares turísticos ou que mostrem o modo de vida do povo dos lugares que pretende conhecer para algum jornal. Consegue até mesmo vender algumas fotos e isso a anima a continuar tentando ter sucesso nessa atividade. Quer conhecer agora países que passam por conflitos como o Afeganistão e o Paquistão. Impressiona-se com as nuances de uma guerra, de como vive o povo que está constantemente no fogo cruzado. É alertada do perigo, porém quer continuar na linha do tiro.

Ao terminar o dinheiro, volta para casa, junta dinheiro de novo, entra novamente em contato com Nigel e decidem conhecer e trabalhar como jornalistas com contrato na Somália. Ao se reencontrarem, Amanda percebe que nada será como era antes com Nigel. Agora seriam só amigos, a contragosto do rapaz. Mas suas vidas sofreriam uma guinada inimaginável logo no quarto dia de sua estadia naquele país africano. Os dois foram sequestrados. Daí para frente, o livro passa a contar como foi sua vida no tempo de cativeiro. De como ela e Nigel aprenderam a se comunicar até mesmo sem palavras quando ficaram em quartos separados já que a lei muçulmana não permite que um casal não casado fique no mesmo ambiente sozinho. De como se converteu ao islamismo como tática de sobrevivência. Fala da tentativa de fuga e de como se sentiu ao serem recapturados, das torturas que ela sofreu por ser mulher. Ocorreu-lhe, inclusive, a ideia de se matar para evitar mais sofrimento e embora tivesse tido a oportunidade, recebeu um aviso sagrado de que seu cativeiro estava chegando ao fim.

Eles são transferidos várias vezes de uma casa para outra. E na última, a casa do céu, ela consegue em seu íntimo se transportar para um lugar fora do corpo onde não mais sofre.

O livro é uma biografia, portanto sabe-se desde o início que ela será libertada, tendo em vista que é ela mesma que conta a história. Como os fatos relatados são reais, temos também uma magnífica aula de História. É uma história muito sofrida. O leitor não consegue parar de ler. Quer logo saber como a história termina e seu martírio finda.

A história é dividida em 44 capítulos intitulados e tem partes extremamente dramáticas, porém é bem envolvente. Vale muito a pena ler o livro.


DLL setembro -2º- Um livro que tem mais de um autor

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