quinta-feira, 7 de maio de 2020

134- Resenha do livro A CATEDRAL DO MAR


ILDEFONSO FALCONES, TRADUÇÃO CRISTINA CAVALCANTI, 

INTRÍNSECA, 2018, 576 PÁGINAS

Recomendação: LITERATURA ADULTA

O autor espanhol nasceu em Barcelona em 1959 e a morte precoce de seu pai interrompeu uma carreira promissora no campo desportivo. Estudou Direito depois de ter abandonado o curso de Economia. Levou cinco anos para escrever o livro A catedral do mar tendo sido publicado pela primeira vez em 2006 e se tornou a novela mais lida na Espanha. Em 2009 publicou seu segundo livro A mão de Fátima (Tem resenha do livro A mão de Fátima neste blog. Acesse-a por este link: https://livroseleiturasdepaula.blogspot.com/2019/01/56-resenha-do-livro-amao-de-fatima.html ) Publicou mais dois outros romances.

O livro escrito em terceira pessoa é um romance histórico. Por isso, seu autor traz muitas notas de rodapé explicando o significado de palavras utilizadas na língua falada na Barcelona do século XIV bem como notas explicativas no final do livro sobre as leis e costumes comuns na época. Embora os romances das personagens tenham sido criados pela mente inventiva desse genial autor, ele entremeou a ficção à realidade daquela época. Por isso, a necessidade das notas explicativas.

O livro trata da vida de Bernat Estanyol, um servo da terra, e de como sua vida foi terrivelmente transformada no dia do seu casamento com Francesca devido a uma lei absurda, que dizia que o senhor feudal ao qual o servo devia obrigações, poderia se deitar com a noiva antes do marido.

Quando seu filho nasceu, a mãe foi convocada a amamentar também o filho do senhor feudal, pois essa era mais uma das leis da época. A vida da mulher naquela casa era uma crueldade só. E ela sabia que, no momento em que seu senhor percebesse que o filho nascido dela era de Bernat e não seu (tinha uma marca de nascença da família do pai), ele começaria a ser humilhado por já não ser mais tão viril quanto já fora, passando então a tratá-la mal bem como ao filho. E por isso, Francesca escondia o bebê e o deixou para morrer de fome a fim de que não sofresse como ela e também porque cada vez que ia amamentá-lo, era violentada por guardas da casa.

Quando Bernat ficou sabendo que ela abandonara o bebê a própria sorte (embora não soubesse dos motivos), raptou-o e fugiu para Barcelona. Lá, morava sua irmã que era casada com um homem que não queria o cunhado por perto porque ele era um fugitivo, no entanto, a esposa o convenceu a mantê-lo como empregado porque lhe devia um favor muito grande.

Viveu ali praticamente como um escravo. Aprendeu o ofício de artesão e dedicava-se ao máximo pensando na lei que dizia que em breve, poderia ser um homem livre. Ele fazia isso tudo pensando no futuro do filho. Passou o tempo necessário, porém o cunhado ambicioso, não lhe dava a carta que precisava para ser considerado um homem livre. Ele se rebelou e saiu por conta. Sua ideia era conseguir outro emprego para poder se sustentar. Entretanto, o cunhado usou de sua influência entre os comerciantes para recomendar que ninguém o contratasse e, por isso, Arnau começou a passar fome. Envolveu-se numa rebelião popular e acabou sendo morto enforcado.

A partir dessa parte do livro, começa a ser retratada a vida de Arnau, o filho de Bernat, que ficou na companhia do pequeno Joan na casa de Pere morando praticamente de favor e começou, mesmo com apenas 14 anos, a trabalhar com os bastaix, trabalhadores braçais que carregavam no lombo imensas pedras que seriam usadas na construção da igreja em homenagem à Nossa Senhora do Mar. Nesse tempo, sofreu duramente, mas ele não fraquejava. Transformou-se num homem forte e destemido.

Conheceu Aledis e se apaixonou por ela, mas o pai dela a prometera em casamento para um velho rico. Então, mesmo contra a vontade, casou-se com Maria. Ela era uma mulher dedicada ao marido, não o incomodava por nada. Arnau gostava dela e queria muito ter um filho, mas a gravidez não acontecia. Talvez fosse porque o coração dele estava com a amante Aledis.

Maria morreu de uma peste que assolou toda Espanha e, mais tarde, Arnau casou-se com Elionor, pupila de um rei, em troca de poder. Nunca se deitou com ela. Ela queria ter um filho com ele porque sabia que se o casamento não fosse consumado, ela não teria direito à herança dele que já era grande passados poucos anos de casamento. Como ele não quis ter nenhum contato físico com a esposa; esta, juntamente com Joan que a esta altura era um frei dominicano e com os filhos do cunhado, armaram para que ele fosse preso pela inquisição. Seu único sonho era ver a Catedral do Mar ficar pronta para poder conversar com sua ‘mãe’ mais de perto. O livro traz detalhes minuciosos da arquitetura da igreja em homenagem à Santa Maria do Mar.

Um livro com um enredo denso, carregado de emoções das mais diversas. Durante a leitura, assaltam-nos o medo, a repulsa, a tristeza e a dor pelos quais passam suas principais personagens. Mas também são muito presentes a admiração, a ternura e o amor. Uma história triste, porém, muito comum naqueles tempos.

A história ganhou um seriado para televisão que é um sucesso de audiência,

DLL- 2º maio – que seja o segundo não lido na estante

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