AMYR KLINK, EDITORA JOSÉ
OLYMPIO, 1985, 188 páginas
RECOMENDAÇÃO: PARA
TODAS AS IDADES
O
livro conta a história de Amyr Klink por ele mesmo. Amyr é um velejador paulista.
Estudou em São Paulo sempre com grande capacidade de memorização e com
facilidade nos cálculos. Passou a se interessar por canoagem quando se mudou
para Paraty no Rio de janeiro e ao perceber que era péssimo no futebol. É
fascinado por mapas antigos e relatos de grandes expedições marítimas que
resultaram na descoberta dos continentes. Colecionava livros sobre o assunto
chegando a marca dos 240 livros. Tudo isso demonstrou ser determinante para o
sucesso da maior empreitada de sua vida. Realizou várias travessias curtas
antes de se aventurar na descrita neste livro a qual iria marcar sua vida para
sempre.
Nesse
livro, o autor conta a história de sua travessia pelo Oceano Atlântico saindo
sozinho da costa africana até a cidade de Salvador na Bahia num barco de apenas
seis metros de comprimento. A travessia foi realizada entre junho e setembro de
1984.
Ele
mesmo vai nos inteirando de suas experiências anteriores em que ficava sozinho
dias e dias no mar e em como isso lhe dava prazer e o preparava para uma
empreitada maior.
Conta
sobre a importância dos estudos de inúmeras cartas náuticas, sobre naufrágios
de outros veleiros que haviam tentado travessias semelhantes, sobre leituras de
livros técnicos sobre o assunto, sobre conversas intermináveis com outros
velejadores e tudo o mais que o pusesse a par do quão perigoso essa travessia
poderia ser. Mas a ideia não saía de sua cabeça.
Narra
também os empecilhos que encontrou para que sua vontade pudesse se concretizar.
E ainda de como se preparou fisicamente para essa tarefa; da preparação da
comida e da bebida que levaria e de como as mesmas deveriam ficar armazenadas
para que a comida não estragasse e que não morresse de fome e sede; da
adequação de um rádio amador para que pudesse se comunicar com alguém em terra
firme se fosse necessário; dos instrumentos de navegação os quais teve que
aprender a manejar e até mesmo a consertar se fosse o caso; do estudo das
correntes marítimas entre outros detalhes todos eles extremamente importantes
para o sucesso de sua travessia.
No
dia em que finalmente conseguiu sair de Lüderitz na costa sudoeste da África,
sentiu-se tão feliz e emocionado quanto quando chegou à costa brasileira. Os
primeiros dias foram bastante turbulentos devido às correntes marítimas
revoltosas e um encontro não programado com um navio que quase pôs tudo a
perder. A tripulação de um navio grande como aquele poderia não vê-lo no mar e
foi exatamente por isso que chegou bem perto de naufragar.
Um
nutricionista tinha preparado um cardápio bem variado para 150 dias, sendo que
a previsão de duração da travessia era de 109 dias. Tinha comida para 43 dias a
mais, pois poderiam haver imprevistos. Havia também cardápios específicos para
caso ele ficasse doente.
Passou
por uma tempestade que durou dias. Isso atrasou a sua viagem, porém não o
desanimou. Assim que a chuva parou e o mar se acalmou, tratou de saber a sua
localização e seguir em frente.
Defrontou-se
com diversos tipos de animais como dourados, focas, tubarões, baleia e
gaivotas. Sendo assim, não sentiu solidão em nenhum momento da viagem. Depois
de várias semanas, sentiu saudades como ele descreve neste trecho: “Mas a saudade às vezes faz bem ao coração.
Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias.”
(página 114). Aprendeu muitas coisas nesse tempo.
Como
o próprio título já antecipa, a viagem durou exatos 100 dias, ou seja, ele
chegou à costa brasileira com nove dias de antecedência. Vivo, forte, saudável
e com um sentimento de vitória tão grande que prometeu a si mesmo que faria
outras travessias que lhe dessem a mesma satisfação que esta ou mais ainda, se
é que isso era possível.
Em
nenhum momento deixou de acreditar que chegaria são e salvo ao Brasil, embora
soubesse que haveria obstáculos perigosos.
A
história dividida em 15 capítulos tem partes bastante dramáticas, porém é bem
envolvente. Vale a pena ler o livro.
DLL novembro -5º- Um
livro de capa azul
Nenhum comentário:
Postar um comentário