terça-feira, 26 de novembro de 2019

107- Resenha do livro AMYR KLINK – CEM DIAS ENTRE CÉU E MAR

AMYR KLINK, EDITORA JOSÉ OLYMPIO, 1985, 188 páginas

RECOMENDAÇÃO: PARA TODAS AS IDADES
           
O livro conta a história de Amyr Klink por ele mesmo. Amyr é um velejador paulista. Estudou em São Paulo sempre com grande capacidade de memorização e com facilidade nos cálculos. Passou a se interessar por canoagem quando se mudou para Paraty no Rio de janeiro e ao perceber que era péssimo no futebol. É fascinado por mapas antigos e relatos de grandes expedições marítimas que resultaram na descoberta dos continentes. Colecionava livros sobre o assunto chegando a marca dos 240 livros. Tudo isso demonstrou ser determinante para o sucesso da maior empreitada de sua vida. Realizou várias travessias curtas antes de se aventurar na descrita neste livro a qual iria marcar sua vida para sempre.

Nesse livro, o autor conta a história de sua travessia pelo Oceano Atlântico saindo sozinho da costa africana até a cidade de Salvador na Bahia num barco de apenas seis metros de comprimento. A travessia foi realizada entre junho e setembro de 1984.

Ele mesmo vai nos inteirando de suas experiências anteriores em que ficava sozinho dias e dias no mar e em como isso lhe dava prazer e o preparava para uma empreitada maior.

Conta sobre a importância dos estudos de inúmeras cartas náuticas, sobre naufrágios de outros veleiros que haviam tentado travessias semelhantes, sobre leituras de livros técnicos sobre o assunto, sobre conversas intermináveis com outros velejadores e tudo o mais que o pusesse a par do quão perigoso essa travessia poderia ser. Mas a ideia não saía de sua cabeça.

Narra também os empecilhos que encontrou para que sua vontade pudesse se concretizar. E ainda de como se preparou fisicamente para essa tarefa; da preparação da comida e da bebida que levaria e de como as mesmas deveriam ficar armazenadas para que a comida não estragasse e que não morresse de fome e sede; da adequação de um rádio amador para que pudesse se comunicar com alguém em terra firme se fosse necessário; dos instrumentos de navegação os quais teve que aprender a manejar e até mesmo a consertar se fosse o caso; do estudo das correntes marítimas entre outros detalhes todos eles extremamente importantes para o sucesso de sua travessia.

No dia em que finalmente conseguiu sair de Lüderitz na costa sudoeste da África, sentiu-se tão feliz e emocionado quanto quando chegou à costa brasileira. Os primeiros dias foram bastante turbulentos devido às correntes marítimas revoltosas e um encontro não programado com um navio que quase pôs tudo a perder. A tripulação de um navio grande como aquele poderia não vê-lo no mar e foi exatamente por isso que chegou bem perto de naufragar.

Um nutricionista tinha preparado um cardápio bem variado para 150 dias, sendo que a previsão de duração da travessia era de 109 dias. Tinha comida para 43 dias a mais, pois poderiam haver imprevistos. Havia também cardápios específicos para caso ele ficasse doente.

Passou por uma tempestade que durou dias. Isso atrasou a sua viagem, porém não o desanimou. Assim que a chuva parou e o mar se acalmou, tratou de saber a sua localização e seguir em frente.

Defrontou-se com diversos tipos de animais como dourados, focas, tubarões, baleia e gaivotas. Sendo assim, não sentiu solidão em nenhum momento da viagem. Depois de várias semanas, sentiu saudades como ele descreve neste trecho: “Mas a saudade às vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias.” (página 114). Aprendeu muitas coisas nesse tempo.

Como o próprio título já antecipa, a viagem durou exatos 100 dias, ou seja, ele chegou à costa brasileira com nove dias de antecedência. Vivo, forte, saudável e com um sentimento de vitória tão grande que prometeu a si mesmo que faria outras travessias que lhe dessem a mesma satisfação que esta ou mais ainda, se é que isso era possível.

Em nenhum momento deixou de acreditar que chegaria são e salvo ao Brasil, embora soubesse que haveria obstáculos perigosos.

A história dividida em 15 capítulos tem partes bastante dramáticas, porém é bem envolvente. Vale a pena ler o livro.


DLL novembro -5º- Um livro de capa azul

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